11 janeiro 2019

O nó interior que custa a desamarrar


Porque é que às vezes está tudo bem, mas depois, assim, de repente, a nossa vida parece um vazio? Porque é que num minuto sorrimos, mas no minuto a seguir sentimos lágrimas a escorrerem pela nossa cara, sentimos os nossos medos a virem ao de cima, as nossas inseguranças, a nossa dor?

A vida tem destas coisas. Somos seres complexos. Pensamos, sentimos, por vezes coisas boas, por vezes coisas más. A vida é um misto de alegrias e tristezas. É um carrossel que anda e anda e anda e só para quando nós paramos. Por vezes, a viagem é animada, até pedimos para acelerar o ritmo. Mas outras vezes queremos que pare, começamos a sentir um nó no estômago e só queremos que a viagem acabe depressa. Mas não podemos acabar a viagem quando queremos. Ou melhor, poder podemos, mas se o fizermos nunca mais poderemos andar de carrossel.

Por isso, quando sentimos esse nó terrível dentro de nós, o melhor que podemos fazer é abrandar o ritmo. Deixar a viagem seguir naturalmente, mais devagar. Deixar as coisas acalmarem, deixar que o nó dentro de nós, que tantas vezes nos impede de aproveitar a viagem, se desfaça aos poucos. Ele estará sempre dentro de nós. Esse cordão que tantas vezes se enrola em si próprio. Mas ele não tem de estar sempre bem apertado. Por vezes, abrandar o ritmo desamarra esse nó. Só temos de aprender a deixar a vida fluir, a abranda-la quando assim necessitarmos, a vive-la intensamente quando o cordão está solto e a deixar, aos poucos, que o cordão apertado não nos impeça de desfrutar a viagem no carrossel. Se sentirmos mesmo esse nó bem apertado, então devemos deitar tudo cá para fora. Deixar sair tudo o que está a causar essa dor interior. Chorar, gritar, esmurrar a parede se for assim mesmo, mesmo necessário. Deixar sair tudo o que se acumulou. Desamarrar esse nó que tanto nos está a consumir. A mim, a ti, a alguém que tu gostas, a alguém que só conheces de vista. Mas, e mais importante, saber que depois de desfeito o nó, é necessário dobrar a corda com cuidado e não deixar que ela se volte a enrolar com tanta facilidade. Aprender a erguer a cabeça, a secar as lágrimas, a enfrentar a realidade, os nossos medos, as nossas inseguranças, a nossa dor. E acima de tudo, não deixar nunca de desfrutar do carrossel maravilhoso que é a vida e acreditar sempre que a próxima voltinha é melhor que a anterior.

Porque, no fundo, somos todos crianças que só querem ser felizes a dar voltinhas no carrossel e a comer bolo antes de ir para a cama (isto não desaperta o nó, mas alivia um bocadinho).

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